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Condicionamento
neopavloviano e hipnopedia
Voltou ao caso do pequeno Reuben — do pequeno Reuben em
cujo quarto, certa noite, por descuido, seu pai e sua mãe (hum, hum!) tinham
deixado ligado o aparelho de rádio. (Pois é preciso lembrar que, naqueles
tempos de grosseira reprodução vivípara, os filhos eram sempre criados pelos
pais, e não em Centros de Condicionamento do Estado.) Enquanto a criança dormia,
o aparelho começou, de repente, a captar um programa transmitido de Londres; e
na manhã seguinte, para espanto de seu... (hum) e de sua... (hum)m(os mais
arrojados entre os rapazes arriscaram-se
a trocar um sorriso),o pequeno Reuben levantou-se repetindo, palavra por
palavra, uma longa palestra desse curioso escritor antigo (um dos poucos cujas
obras permitiu-se que chegassem até nós), George Bernard Shaw, que, segundo a
tradição bastante documentada, falava sobre seu próprio gênio. Para o... (piscada
de olho) e a... (risinho) do pequeno Reuben, essa palestra era, sem dúvida,
totalmente incompreensível e, pensando que o filho tivesse enlouquecido de repente,
chamaram um médico. Por sorte, este compreendia o inglês, reconheceu a palestra
como sendo a que Shaw transmitira pelo rádio, percebeu a importância do que
acontecera e escreveu a respeito uma carta à imprensa médica.
— O princípio do ensino durante o sono, ou hipnopedia,
estava descoberto — o d.i.c. fez uma pausa de impacto. O princípio estava
descoberto, mas decorreriam muitos anos até que ele tivesse aplicações úteis.
— Esses primeiros experimentadores — dizia o d.i.c. —
seguiram um caminho errado. Acreditavam que se podia fazer da hipnopedia um
instrumento de educação intelectual...
(Um menino, adormecido sobre seu lado direito, o braço
direito estendido, a mão direita pendendo por sobre a beira da cama. Através de
uma abertura redonda e gradeada na parede de uma caixa, uma voz fala baixinho.
O ensino pelo sono chegou a ser proibido na Inglaterra.
Havia uma coisa chamada liberalismo. O
Parlamento, se é que os senhores sabem o que era isso, votou uma lei contra
ele. Conservaram-se as atas das sessões. Discursos sobre a liberdade do
indivíduo. A liberdade de ser ineficiente e infeliz. A liberdade de ser um
parafuso redondo num buraco quadrado.
“Cem repetições, três noites por semana, durante quatro
anos”, pensou Bernard Marx, que era especialista em hipnopedia. “Sessenta e
duas mil repetições fazem uma verdade. Imbecis!”
Os diversos Escritórios de Propaganda e o Colégio de
Engenharia Emocional estavam instalados em um mesmo edifício de sessenta andares em Fleet Street. No subsolo e nos
primeiros andares achavam-se as oficinas e os escritórios dos três grandes
jornais de Londres — O Rádio Horário, jornal para as castas superiores, A Gazeta
dos Gamas, verde-pálido, e, em papel cáqui e exclusivamente em palavras
monossilábicas, O Espelho dos Deltas. Depois vinham, sucessivamente, os
Escritórios de Propaganda pela Televisão, pelo Cinema Sensível e pela Voz e Música
Sintéticas — que ocupavam vinte e dois andares. A seguir, vinham os
laboratórios de pesquisa e os estúdios onde os autores de Trilhas Sonoras e os
Compositores Sintéticos realizavam seu delicado trabalho. Os dezoito últimos
andares eram ocupados pelo Colégio de Engenharia Emocional.
Hipnopedia
Hipnopedia é a tentativa de transmitir informações para
uma pessoa adormecida, geralmente através de uma gravação de som. As pesquisas
sobre este método não foram conclusivas. Alguns estudos iniciais tendem a
desacreditar a eficácia da técnica, enquanto outros descobriram que o cérebro
realmente reage aos estímulos e os processa enquanto dormimos
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Hipnopedia: aprendizagem durante o sono (p.ex.,
aprendizado de línguas através de gravações) - (hipno = sono, pedia =
aprendizado).
De
onde veio a ideia da hipnopédia?
A primeira menção de um dispositivo usado para aprender
dormindo vem de um escritor de ficção científica Hugo Gernsback e sua história
foi escrita em 1911. Quase duas décadas depois, Alois Saliger inventou um
dispositivo - o Psycho-Phone, alegando que dormir não era diferente de hipnose
e que podemos ser igualmente influenciados por sugestões.
Depois de vários anos, em 1932, o Admirável mundo novo
de Huxley foi lançado, apresentando a ideia da hipnopédia. No romance, as
pessoas recebem mensagens morais por meio de sequências de frases repetidas
continuamente enquanto estão dormindo.
Ao pesquisar sobre a eficácia da Hipnopedia achei um
artigo na Revista Superinteressante de 2018, cujo artigo diz que de acordo com
um estudo belga, o cérebro humano até conhece sons enquanto dorme - mas não
consegue encadeá-los em uma sequência lógica. Porém a pesquisa reitera que,
apesar dos resultados, novas formas de aprendizagem podem ser testadas que em
resumo podem ser captados por meio de mensagens subliminares desde que não seja
uma Enciclopédia Britânica.
Traço
de memória
A ciência ainda não provou que é possível aprendermos
enquanto dormimos, porém outras pesquisas dizem que os humanos podem aprender
algumas informações muito simples durante o sono.
Quando novas palavras são tocadas para pessoas
adormecidas, elas não se lembrarão delas nem serão capazes de reconhecer que ouviram
essas palavras durante o sono. Um estudo interessante de 2016 mostrou que
palavras tocadas à noite não passam despercebidas ao cérebro. Embora os
sujeitos do estudo fossem incapazes de se lembrar ativamente de qualquer uma
das palavras dadas, as gravações de EEG revelaram que havia um 'traço de
memória' em suas vias neurais. Esse traço de memória não era o mesmo para
palavras aprendidas durante a vigília e palavras apresentadas durante o sono.
No entanto, essa informação não passa pelo córtex pré-frontal e, portanto, não
é recuperável.
Música
Um estudo interessante realizado na Universidade de
Princeton mostrou que melodias podem ser melhor aprendidas se tocadas durante o
sono. Depois de aprender duas melodias de quatro notas usando um teclado em uma
interface semelhante ao Guitar Hero, os sujeitos tiraram uma soneca. Apenas uma
das melodias foi tocada durante a soneca - quando acordaram, os sujeitos
conseguiam tocar aquela mesma melodia muito melhor do que a outra. Eles também
tiveram um desempenho significativamente melhor do que o grupo que não recebeu
essa dica de som.
Vocabulário
Embora não possamos realmente aprender e reproduzir
novas palavras durante o sono, certamente podemos reforçar nosso conhecimento
de vocabulário recebendo pistas auditivas (sequências de palavras) durante o
sono REM (especialmente quando REM segue o sono profundo). O sono profundo é
importante para a consolidação da memória e é naturalmente o mais presente na
primeira metade da noite. Assim, quando entramos em sono profundo e chegamos ao
REM, no qual as palavras são tocadas, nossas chances de sucesso de lembrá-las
são maiores. O sono REM é particularmente importante quando se trata de
aprender línguas e indivíduos com mais desta fase do sono têm melhor desempenho
na aquisição de línguas estrangeiras.
Conclusão
A hipnopédia, conforme descrita na ficção científica,
não existe. O aprendizado de uma língua subliminar do zero provou ser
impossível. No entanto, existem maneiras de aumentar a consolidação da memória
natural principalmente por meio de cheiros e sons, mas apenas se eles forem
apresentados em um determinado estágio do sono.
Fonte:
sleepline.com
Indo mais além em minhas pesquisas eu encontrei o
seguinte artigo.
"Por décadas, a literatura científica dizia que o
aprendizado durante o sono era impossível. Portanto, mesmo ver a forma mais
básica de aprendizado é interessante para um cientista", disse Thomas
Andrillon, neurocientista da Monash University em Melbourne, Austrália.
"Mas as pessoas não estão realmente interessadas nesta forma básica de
aprendizagem."
Para os cientistas, as recentes descobertas aumentaram
as esperanças sobre possíveis aplicações, disse Andrillon ao Live Science. Por
exemplo, a natureza implícita do aprendizado do sono torna o fenômeno útil para
pessoas que desejam se livrar de um mau hábito, como fumar, ou formar novos
bons.
Ovos podres e fumar: fazendo associações
Vários estudos descobriram que uma forma básica de
aprendizagem, chamada condicionamento, pode acontecer durante o sono. Em um
estudo de 2012 publicado na revista Nature Neuroscience, por exemplo,
pesquisadores israelenses descobriram que as pessoas podem aprender a associar
sons a odores durante o sono. Os cientistas deram um tom para os participantes
do estudo adormecidos enquanto liberavam um cheiro desagradável de peixe
estragado. Uma vez acordadas, ao ouvir o som, as pessoas prenderam a respiração
na expectativa de um cheiro ruim.
"Este foi um achado claro que mostra que os
humanos podem formar novas memórias durante o sono", disse Andrillion, que
não esteve envolvido no estudo.
Embora a memória estivesse implícita, ela poderia
afetar o comportamento das pessoas, descobriram pesquisadores em um estudo de
2014 publicado no Journal of Neuroscience . Nessa pesquisa, os fumantes usaram
menos cigarros depois de passar uma noite sendo expostos ao cheiro de cigarros
combinados com ovos podres ou peixe estragado.
"Guga"
significa elefante: aprendendo línguas durante o sono?
Andrillon e seus colegas descobriram que aprender
dormindo pode ir além do simples condicionamento. Em seu estudo de 2017
publicado na revista Nature Communications, os participantes foram capazes de
detectar padrões de som complexos que haviam ouvido durante o sono.
As habilidades de aprendizado durante o sono podem se
estender ao aprendizado de palavras. Em um estudo publicado na revista Current
Biology em janeiro, pesquisadores jogaram pares de palavras inventadas e seus
supostos significados, como "guga" significa elefante, para
participantes adormecidos. Depois disso, quando acordadas, as pessoas tiveram
um desempenho melhor do que o acaso, quando tiveram que escolher a tradução
certa de palavras inventadas em um teste multichoice.
O que todos esses estudos têm em comum é que mostram
uma forma implícita de memória. "Não é um conhecimento que eles possam
usar espontaneamente, porque eles não sabem que esse conhecimento existe",
disse Andrillion. "A questão é: 'Para onde vamos a partir daí?'"
Aprender um novo idioma envolve muitas camadas
diferentes: reconhecer os sons, aprender o vocabulário e dominar a gramática.
Até o momento, pesquisas sugerem que pode ser possível nos familiarizarmos com
o tom e o sotaque de uma língua ou até mesmo com o significado das palavras
durante o sono, mas em um nível mais fraco do que já fazemos o tempo todo
durante o dia sem perceber.
E então você deve considerar o custo, disse Andrillion.
Estimular o cérebro adormecido com novas informações provavelmente interrompe
as funções do sono, afetando negativamente a poda e o fortalecimento do que
aprendemos no dia anterior, disse ele.
Embora perder um sono de qualidade para potencialmente
aprender algumas palavras não seja uma troca inteligente, os pesquisadores
continuam a estudar o aprendizado do sono porque o compromisso pode valer a
pena em casos especiais. Por exemplo, aprender dormindo pode ser útil quando as
pessoas precisam mudar um hábito ou alterar memórias perturbadoras teimosas em
casos de fobias e transtorno de estresse pós-traumático.
E algumas formas de aprendizagem implícita que podem
ajudar nessas situações podem ocorrer com mais intensidade durante o sono. O
condicionamento que aconteceu no estudo do fumo e do ovo podre, por exemplo, não
funciona bem quando feito durante a vigília. Se você fuma todos os dias perto
de uma lata de lixo, sabe que os dois não têm relação, então não os vincula.
Não somos enganados facilmente quando acordados.
"Mas o cérebro adormecido não é tão inteligente e
podemos manipulá-lo para nosso próprio bem", disse Andrillion.
"Parece muito com 'Eternal Sunshine' [filme], e este ainda é um trabalho
em andamento, mas a possibilidade existe."
Fonte: livescience